Por Camilo Soares - Diretor de Pesquisa e Cultura do GAM.
O Teatro Grego da Época Clássica é um
dos maiores tesouros da cultura ocidental de todos os tempos. Seus enredos,
mitos e personagens ajudaram a moldar as artes, a ficção e, principalmente, a
própria maneira como enxergamos a realidade e compreendemos o ser humano.
Tendo em vista resgatar e se aprofundar
em tal patrimônio, o Grupo de Estudos André de Albuquerque Maranhão iniciou no
segundo semestre de 2016 o trabalho de leitura e discussão das peças de teatro
da Grécia Antiga. A princípio um encontro modesto limitado a umas poucas
tragédias tiradas do Ciclo Tebano, o projeto cresceu e acabou por fim
abrangendo toda a obra teatral da Grécia Clássica que sobreviveu até nossos
dias.
Por isso, a exemplo do Ciclo Tebano que
acabamos de concluir, achou-se adequado separar as demais obras em agrupamentos
temáticos mais ou menos coesos, sobretudo no que diz respeito ao local e tempo
(mitológicos) em que se passam, bem como aos personagens em comum e eventos que
ligam essas diversas peças. Assim, por exemplo, dentro da “Cronologia
Mitológica” na qual as tragédias se inserem, achou-se adequado que estas fossem
ordenadas, tanto quanto possível, partindo desde os eventos mais “remotos” até
os mais “recentes”. Daí iniciarmos a série com o “Prometeu Acorrentado”, de
Ésquilo, que trata da criação e dos primórdios da Humanidade, e irmos até “Os
Persas”, do mesmo autor, única tragédia que chegou até nós que trata de eventos
e personagens de existência histórica comprovada: As Guerras Greco-Persas
lideradas pelos reis Dario e Xerxes.
Além disso, procurou-se intercalar os “ciclos” trágicos com peças cômicas,
das quais nos restaram apenas doze, todas de Aristófanes, com exceção de uma, a
peça “O Cíclope”, de Eurípides, única obra satírica escrita por um autor
trágico a ter sido preservada. Tais obras, por sua maior autonomia narrativa e
temática, não seguem nenhuma ordenação além daquela indicada por sua provável
data de composição. A exceção mais uma vez é “O Cíclope”, cuja posição foi
escolhida em virtude de sua afinidade temática com o ciclo relativo à Guerra de
Tróia, que o precede.
Apesar de ambicioso, acreditamos que
este empreendimento é de vital importância para o enriquecimento da compreensão
sobre nossa cultura, história e origens, fornecendo-nos uma luz que ilumina
nosso presente, e uma base sólida que nos dá firmeza ante as inconstâncias dos
tempos.