MEMÓRIA E TRADIÇÃO: BICENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 1817


No período de 29 de março a 1º de abril, o Grupo de Estudos André de Albuquerque Maranhão - GAM, o Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo e o Instituto Tavares de Lyra promoverão o evento "Memória e Tradição - Bicentenário da Revolução de 1817", com a finalidade de resgatar a importância da Revolução de 1817 para a História do Rio Grande do Norte.


Dentro da programação do evento haverá a palestra de Paulo de Albuquerque Maranhão, descendente da Casa de Cunhaú, além de mesas redondas com renomados professores de História do RN e pesquisadores, mais o relançamento de três livros: "A Casa de Cunhaú", de Luís da Câmara Cascudo; "A participação da Capitania do Rio Grande do Norte e de Maçons Potiguares na Revolução Pernambucana de 1817", de Cassimiro Júnior; e "A ressuscitada", de Francisco Galvão.

O evento será realizado no Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, localizado na Av. Câmara Cascudo, 377, Cidade Alta, Natal/RN, e será aberto ao público.

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Inscrições: Enviar e-mail para: frente.gam@gmail.com

Ao final do evento será entregue certificado de 10h para quem pediu a inscrição.




PROGRAMAÇÃO OFICIAL (Sujeita a alterações)

Dia 29 de Março de 2017 - (Quarta-feira)

18h30
Sessão Solene na Câmara dos Vereadores de Natal/RN em celebração ao Bicentenário da Revolução de 1817.
Proposição da Vereadora Professora Eleika (PSL).



Dia 31 de março de 2017 – (Sexta-feira)

17h
Abertura da exposição fotográfica: A CASA DE CUNHAÚ. Acervo do Instituto Tavares de Lyra.

18h
Abertura da Sessão Magna com representantes do Instituto Tavares de Lyra, Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, UFRN e Grupo de Estudos André de Albuquerque (GAM). Composição da mesa e palavra da equipe responsável pelo evento.

19:30h
Palestra de Abertura do Dr. Paulo Fernando de Albuquerque Maranhão Cunhaú: A Fundação da Identidade Potiguar.

• Lançamento da reedição do livro “A Casa de Cunhaú”, de Luís da Câmara Cascudo.



Dia 01 de abril de 2017 – (sábado)

9h
1ª. Mesa-Redonda: M.e Anderson Tavares de Lyra e Arthur Dutra. Moderação de Daliana Cascudo - Memória e Tradição: 1817 através da História.

10:30h
2ª. Mesa-Redonda: Dr. Walner Spencer (a confirmar) e Cassimiro Júnior Moderação Augusto Maranhão (a confirmar) - Sob o Olho da Providência: O Protagonismo Revolucionário da Igreja e da Maçonaria.

• Lançamento do livro “A participação da Capitania do Rio Grande do Norte e de Maçons Potiguares na Revolução Pernambucana de 1817”, de Cassimiro Júnior.

INTERVALO

14h
3ª. Mesa redonda: M.e Douglas Cavalheiro e M.e Sérgio Trindade. Moderação Lucas Zilio (GAM) - Hipóteses Contra factuais: E se a Revolução tivesse êxito?

• Momento literáiro: Lançamento do livro "A ressuscitada", de Francisco Galvão.

16:30h
4ª. Mesa redonda: Fábio Arruda e Dr. Fábio Fidélis. Moderação Erick Bezerra (GAM) - Engenhos e Itinerários: O espaço agrário no nordeste oitocentista.

18h
Encerramento e encontro social

Resenha do GAM: A História do crescimento do poder

O
Por Sérgio Meneses

Bertrand de Jouvenel, no clássico da Ciência Política Du pouvoir, Histoire naturelle de sa croissance[1] demonstrou como a sociedade ocidental presenciou, nos últimos quinhentos anos, a escalada avassaladora do poder civil rumo ao controle irrestrito da atividade humana, materializada no surgimento dos Estados democráticos forjados pela Revolução Francesa. Foram esses os Estados capazes da proeza de exigir a mobilização integral dos recursos naturais e humanos para guerra total, jogando a humanidade em dois conflitos criminosos, que juntos ceifaram 100 milhões de vidas.

Com efeito, a escalada rumo ao Poder irrestrito pode ser sensivelmente percebida na evolução da história militar. Quando dos primeiros esboços do que viria a ser o Estado moderno, no século XII, não havia algo que se assemelhasse à conscrição militar, e o rei para a guerra dispunha de seus vassalos, que por juramento lhe deviam serviço militar por quarentas dias ao ano. As milícias demandavam recursos, mas estes eram limitados aos rendimentos dos domínios impostos pelas tradições feudais, insuficientes para financiar grandes campanhas. O combate nesse período, no qual o povo não tomava parte, era curto e não envolvia mais do que alguns milhares de homens, quase todos pertencentes à nobreza. “A guerra é então muito pequena: isto porque o poder é pequeno”, afirma Jouvenel. Como nomear esses tempos “belicosos”, como hoje se faz, quando há pouco mais de cinquenta anos nações democráticas constituíam coercitivamente exércitos de várias dezenas de milhões de soldados? De onde o Poder hauriu a força para exigir tamanho sacrifício dos homens, em geral completamente alheios aos seus caprichos?

Gestado num longo e complexo processo histórico que remonta a desagregação da sociedade feudal, o fenômeno começa a ganhar forma quando o Poder se desamarra dos laços que o obrigavam a prestar contas aos representantes do espírito. Rejeitado o princípio pelo qual sua legitimidade procedia do Céu, o Poder convenceu os homens que ele emana “do povo”. Morre a Cristandade, nascem os Estados Nacionais. Foi “em nome do povo” que o Poder gerou um novo tentáculo, o Legislativo, que a pretexto de criar leis em benefício do povo conferiu aos agentes do Poder o direito de impor arbitrariamente. As antigas leis, protegidas dos caprichos do Poder pela tradição espiritual e pela força dos costumes, podiam agora ser descartadas em favor de quaisquer simulacros legislados “pelos representantes do povo”. Não é de espantar que aquilo nunca ousado pelas monarquias, a conscrição militar obrigatória, tenha sido uma das primeiras leis e o grande sustentáculo da Revolução Francesa. Republicanamente promulgada pelo Poder que emana do povo. Contra o povo, agora lançado à guerra.

Dissolvidos os freios que a tradição cristã impôs ao seu exercício, o Poder pôde, em cinco séculos, agigantar-se até penetrar na vida dos homens como nunca antes imaginado. Dependemos do “Minotauro” para tudo: a propriedade e a liberdade não existem senão enquanto concessões, e a canetada de um burocrata as desfaz; ele expropria nossos bens e determina até o que podemos comer e beber; para exercer uma profissão, precisamos de sua autorização, e não podemos ir e vir sem a permissão de um de seus agentes onipresentes. Eis a era do Poder total, que se dissimula pelo novo ídolo que erigiu, a democracia. Deixo Jouvenel concluir: “Antigamente ele era visível, manifestado na pessoa do Rei, que se declarava um senhor e cujas paixões eram conhecidas. Hoje, mascarado por seu anonimato, ele pretende não ter existência própria”.






[1] Editado no Brasil em 2010 pela Peixoto Neto como O Poder, historia natural do seu crescimento.