Por Thiago Mota Carneiro (*)
Quem teve de fazer trabalhos de ciências na década de 90
ou início do século XXI, provavelmente não deve lembrar muita coisa sobre
reprodução das plantas ou dos anelídeos. Estranhamente, um modelo educacional
tão ineficaz sob certos aspectos, a longo prazo tem, simultaneamente, uma
capacidade enorme para converter alunos em adeptos panteísmo verde.
Se perguntado, um jovenzinho entre 9 e 13 anos poderia
facilmente fazer chover estatísticas sobre a porcentagem de variação anual da
centimetragem da espessura da camada de gelo no sul da Patagônia, o número de
micos-cachorros-escarlate capturados e vendidos no mercado negro. Talvez não
tanto, mas ao menos não hesitaria em apontar como o grande inimigo da
sociedade, o descaso com a Gaia - a deusa-mãe das matas, florestas,
micos-cachorros - a depredatória atividade humana que, em busca de seus
interesses egoístas e maquiavélicos, gera o apocalíptico fim da humanidade pelo
aquecimento global, o juízo final da Natureza para a espécie humana.
Nessa visão
de mundo, muitos pensadores (Peter Singer - apenas para dar nome a um boi),
utilizando-se de um discurso característico dos movimentos progressistas,
aponta o especismo (preconceito no qual seres humanos afirmam ser melhores ou superiores
aos outros animais), como grande mal do mundo. Nessa visão, cada ser vivo é um
pedaço da divindade panteísta inviolável "natureza", e o pecado
original é, na raça humana, violentar seus "irmãos membros" desse
mundo Avatariano. Assim, pisar num ovo de tartaruga se torna tão imoral quanto
assassinar bebês (a menos é claro que os últimos estejam em gestação, sendo um
mero parasita na mulher). Assim, a extinção desse câncer humano, é algo até
desejável, quanta vida não seria preservada se esses assassinos não parassem
com a destruição?
Absurdidades à parte, o amigo liberal deve estar se
perguntando: em que isso se relaciona com a economia e governo? Simples. A
geração verde cresce, pressionando politicamente o governo para
"salvar" a mãe-terra. A culpa, como sempre, recai nas
grandes-satânicas-exploradoras-opressoras-empresas-capitalistas-nazi-fascistas
que devem ser paradas a todo custo. As consequências imediatas são
regulamentações que criminalizam praticamente qualquer empresa. Como a
aplicação da lei é impossível, apenas as empresas inconvenientes ao estado
sofrem as sanções. O resultado é a velha eliminação da concorrência e
favorecimento político de grupos que financiam aquele partido.
Isso sem citar o fator óbvio: do encarecimento da produção.
Para um empresa já sucedida, é relativamente simples cumprir as restrições,
para alguém que quer abrir um negócio, uma utopia. Em regiões desenvolvidas, o
dano é menor. Pior é onde aquele Cacto raro da caatinga não pode ser destruído,
evitando assim a criação de um empreendimento que poderia tirar milhares de
famílias da miséria. Nesse utilitarismo da fauna, o Cacto e
a transcendente caatinga tem, visivelmente, muito mais valor do que
aqueles três ou quatro famílias locais. Nesse ponto, a fome encontra a
vontade de comer - incapazes de serem produtivos e buscarem a emancipação
econômica, temos mais quatro família dependendo da "benevolência" do
governo. Mais algumas dezenas de votos.
O ciclo alimenta a si próprio: as crianças bem
escolarizadas são os novos bispos e párocos da seita verde e propagandistas do
partido da Gaia; o empresário monopolista financia o jogo com tudo que tem:
nada são umas bobas regulamentações para alguém que não tem concorrentes; o
partido da mãe terra agora tem financiamento, ideólogos e votos de que precisa;
e o povo? Esse pode dormir de consciência tranquila, afinal, são verdadeiros
guerreiros na defesa do meio ambiente.
Vai Planeta!!
(*) Thiago Mota Carneiro é estudante de Engenharia Química, 19 anos, amante de clássicos do cinema,
post bop, power metal, escola austríaca, Dostoiévski e supertrunfos. Deseja ter
um Estado próprio no qual será governante, legislador e único cidadão, e por
meio de comércio exterior (leia-se trocas não coercivas), suprir necessidades
de sobrevivência.